Como usar indicadores hoje pode alavancar sua carreira no futuro

(João Alipio da Silva Costa, setembro de 2021)

A máxima de Peter Drucker “Você não pode gerir o que você não pode medir” é amplamente difundida e aplicada à gestão de negócios e processos em geral. Mas, esse ensinamento básico é amplamente aplicável à sua vida profissional. Aprendi isso um pouco tarde e escrevo esse artigo com a esperança de ajudar as e os jovens profissionais a aproveitar a mina de ouro que estão construindo em suas carreiras.

Essa necessidade de indicadores pessoais se tornou clara depois que iniciei minha carreira como consultor. Eu e meus sócios queríamos demonstrar com dados e fatos a nossa efetiva competência em gerar resultados. Nós tínhamos uma série de bons exemplos de resultados em projetos, mas sabíamos que esses casos eram apenas uma pequena parte do resultado total gerado que acumulamos. Trabalhamos em algumas centenas de projetos ao longo de aproximadamente 30 anos. Em nossas estimativas, o valor criado que nós conseguíamos conectar, precisamente, com os projetos de origem era da ordem de 10 % do total de valor criado ao longo do tempo. A grande maioria dos projetos não tinha dados e fatos registrados para demonstrar a nossa efetiva contribuição.

Por indicador eu estou me referindo à forma de medir o sucesso em alcançar o objetivo de um projeto. No meu caso, eu investi muito do meu tempo como profissional em melhoria de processos. Indicadores como redução de custo, ampliação da capacidade produtiva e redução de tempo de processos ou melhoria da qualidade foram medidas que orientaram grande parte dos meus projetos. Cada tipo de carreira e projeto terá seus indicadores apropriados que podem cobrir aspectos como volume de clientes atendidos, faturamento realizado, segurança, impactos ambientais ou sociais, entre muitos outros. Áreas como desenvolvimento de software e serviços de saúde terão indicadores bem diferentes, mas sempre será possível medir a contribuição que o profissional dá para a geração de valor ao seu negócio.

Como utilizar o seu histórico

O primeiro ponto que a sua lista de projetos contribui é para você se diferenciar. Todo profissional que se candidata a uma vaga ou oferece serviços como autônomo se apresenta como competente e capaz de resolver os problemas do negócio cliente. Veja esses dois exemplos de profissionais se candidatando a uma vaga:

Profissional sem indicadores: “… eu tenho 10 anos de experiência, já trabalhei em diversos projetos e muitos foram semelhantes a essa oportunidade que vocês estão precisando…”

Profissional com indicadores: “… eu tenho 10 anos de experiência, já trabalhei em 212 projetos com um resultado acumulado de R$ 350.000.000,00. Desses projetos, 58 foram semelhantes a essa oportunidade que vocês estão precisando e geraram R$ 90.000.000,00 de resultado, além de uma redução de ciclo de processo médio de 30% …”

Qual desses profissionais te inspira mais confiança?

Poderíamos adequar esse exemplo para profissionais que migraram para consultoria e estão tentando conquistar um cliente. Qual desses consultores passaria mais confiança?

Além disso, essa lista vai permitir que você recupere o seu histórico e seja mais assertivo ao selecionar casos concretos que demonstrem a sua capacidade de atender determinado tipo de demanda. Você pode apresentar os seus projetos que se conectam diretamente à necessidade do seu cliente ou contratante.

Perder o seu histórico profissional é como você ter uma mina de ouro muito rica e esquecer onde cavar para encontrar as pepitas.

Como criar o seu histórico

Minha recomendação para você, jovem profissional, é que comece agora a criar um registro do valor que você está criando em seu trabalho. Crie um registro simples e prático com o histórico dos seus projetos e resultados alcançados. A tabela abaixo é um exemplo simples para você pensar.

Você pode incluir nesse histórico muitas outras informações. Por exemplo, detalhar o tipo e característica do projeto, o seu papel no projeto, fotos e fatos relevantes e muitos outros dados. Um ponto de atenção é que quanto mais complexa for a tabela, mais tempo será necessário e aumentará o risco de você postergar o preenchimento.

Quando você está no início de carreira e ainda tem poucos projetos (dezenas…), será fácil se lembrar ou recuperar a documentação para demonstrar os seus resultados profissionais. Quando você tiver 10 ou 20 anos de contribuição e centenas de projetos acumulados, esse levantamento não será tão simples. Até problemas com a tecnologia, como compatibilidade de versões de arquivo, podem dificultar o seu levantamento.

Conclusão

Voltando a Peter Drucker, se você quer ser líder da sua carreira profissional você precisará ter indicadores e saber medir a sua contribuição e resultados. Esses indicadores vão além de ampliar exponencialmente o seu diferencial ao longo do tempo. A lista de projetos permite que você avalie a sua evolução profissional. Você pode usar o seu histórico de projetos para avaliar a sua capacidade de contribuir com resultados. Isso permite você identificar oportunidades de autodesenvolvimento ou mesmo mudanças na direção da sua carreira.

Criar essa lista é uma atividade muito simples que ocupa um tempo mínimo (literalmente poucos minutos dentro de um projeto que pode durar meses). O retorno em oportunidades profissionais futuras será desproporcional quando você comparar com o tempo investido. Isso vale se você quer crescer em empresas ou como um profissional independente que vende a sua competência.

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