Como criar uma fundação sólida para a transformação digital

Como criar uma fundação sólida para a transformação digital

João Alipio da Silva Costa

Jun/2021

A transformação digital é a integração da tecnologia digital em todas as áreas de um negócio, mudando fundamentalmente a forma como você opera e entrega valor aos clientes. É também uma mudança cultural que exige que as organizações desafiem continuamente o status quo.

Podemos entender a transformação digital como a capacidade de um negócio de integrar tecnologias em todas as dimensões do seu modelo de negócio (incluindo os clientes e fornecedores) para mudar e aumentar de forma extremamente impactante a forma de operação e geração de valor.

Vamos explorar alguns pontos dessa definição (que é inspirada no livro de David Roger “Transformação Digital – Repensando o seu Negócio para a Era Digital”).

Primeiro: a mudança ocorre em todas as áreas do negócio de forma integrada. Não é uma mudança de sistemas de relacionamento com o cliente (CRM) ou de automação da produção (Industria 4.0), é a integração desses e de muitas outras transformações.

Segundo: a transformação digital transborda os limites da organização integrando todos os participantes da cadeia de geração de valor, processos de suporte, administrativos e de decisão.

Terceiro: ela é muito maior que apenas uma mudança de tecnologia ou uma atualização para sistemas em estado da arte. Os sistemas são um meio (fundamental) para promover uma revolução na forma como o negócio gera valor, mas não são o objetivo da transformação.

O ponto principal para evoluir de uma visão da transformação digital, como modernização de sistemas, para uma estratégia de geração de valor é conhecer como o seu negócio gera valor. Nesse ponto já temos uma grande barreira para muitas empresas. É frequente encontrar negócios, até mesmo grandes e tradicionais empresas, que têm um conhecimento muito superficial sobre o seu fluxo de valor e seus processos de negócio.

O desconhecimento dos processos de negócio representa um elevado grau de risco para qualquer mudança de sistemas. Seja uma atualização de versão de um sistema ou no escopo da transformação digital, como apresentado acima.

Por isso, é um imperativo, para o sucesso do movimento de transformação digital, a empresa se dedicar a um esforço consistente e profundo de conhecimento e domínio dos seus processos empresariais e a construção do seu (dos seus) fluxo de valor.

Esse esforço inicial de aprendizado e, muitas vezes, descoberta dos processos, é um investimento desproporcionalmente barato e simples frente ao custo e desafios posteriores do trabalho em tecnologia. O ganho no domínio dos processos extrapola o retorno na melhoria do desenvolvimento de sistemas. Ganhos de: eficiência operacional, eliminação de desperdícios, engajamento da equipe, aumento da autonomia dos operadores e delegação são apenas alguns exemplos do retorno que se pode obter. Quando se soma a esses ganhos o potencial de retorno do investimento em tecnologia, temos uma verdadeira transformação no modelo de negócio e na capacidade de gerar valor.

Como dar os primeiros passos?

Recomendamos manter o trabalho simples e focado. Simples em relação ao modelo e forma de trabalho, para mapeamento de processos. Focado em relação a começar pelos processos ligados diretamente à geração de valor. Uma forte recomendação é trabalhar de forma “inclusiva” em relação à todas as equipes e áreas da organização. Procure ferramentas e metodologias que viabilizem o máximo de participação das pessoas na construção dos seus mapas de processo.

O ganho na participação direta e intensiva das equipes no mapeamento de processos é duplo. Primeiro na qualidade da documentação de processos e aderência à realidade operacional. Segundo que a atividade de participação no desenvolvimento cria o senso de propriedade pelo trabalho. Esse senso de pertencimento será fundamental para promover a mudança e adoção de novas tecnologias no futuro.

Pelo exposto acima, vemos que engajar as pessoas e equipes no trabalho de processos é chave para o sucesso no domínio dos processos que, por sua vez, é fator crítico de sucesso para a transformação digital.

Quero deixar um disclaimer final para não dar a impressão que estou pregando que a transformação digital é algo que possa evoluir na organização de forma espontânea de “baixo para cima”, ou seja, a partir da operação e se espalhar por todo o negócio.

A alta administração e c-level têm a responsabilidade de definir a estratégia, tecnologias críticas e colocar os recursos à disposição da transformação digital. Esses níveis também têm a missão de promover a transformação digital de uma forma integrada e não como uma soma de mudança tecnológicas isoladas. Esse movimento estratégico “de cima para baixo” será suportado e viabilizado pelo movimento de domínio dos processos. Essa combinação de transformações de tecnologia, processos e pessoas, orientadas por uma estratégia bem definida e bem desdobrada é que garantirá o sucesso do negócio no mundo físico digital.

O perfil da 55 PRO é focado na transformação de processos através das pessoas. Nos integramos a projetos e estratégias de transformação digital como viabilizadores do aprendizado e práticas para integrar tecnologia, processos e pessoas e mudar o modelo de negócio para a alta competitividade no mundo físico digital.

Recomendação de leitura:

Transformação Digital – Repensado o seu negócio para a era digital – David L. Rogers

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